🚨 Dez dos maiores bancos da Europa se uniram para criar um consórcio chamado
Qivalis, com o objetivo de lançar uma stablecoin lastreada em
euro.
A proposta, que busca fortalecer a soberania monetária europeia no ecossistema de pagamentos digitais, também representa uma resposta direta ao avanço de stablecoins em
dólar, como o
USDT da Tether, e à crescente influência dos Estados Unidos no mercado global de criptoativos.
O anúncio foi formalizado nesta terça-feira (2), em Amsterdã, com a presença dos principais líderes do projeto. O executivo Jan-Oliver Sell, ex-Coinbase Alemanha, foi nomeado CEO da Qivalis, enquanto Floris Lugt, do ING, assume como CFO.
A presidência do consórcio ficará a cargo de Howard Davies, ex-presidente do NatWest e ex-diretor da Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido.
Entre os bancos fundadores estão ING, UniCredit, BNP Paribas, Caixabank, Danske Bank, SEB, Raiffeisen Bank International, DexiaBank, KBC e Banca Sella. A adesão do BNP Paribas, anunciada hoje, reforça o peso institucional e geográfico da iniciativa.
O que é a Qivalis e o que ela propõe?
A Qivalis nasce com a missão de lançar uma stablecoin 100% lastreada em euro, que possa ser utilizada em transações digitais de forma segura, auditável e alinhada às regulações europeias.
A expectativa é de que o token digital comece a circular no segundo semestre de 2026, desde que o processo regulatório seja concluído com sucesso.
O grupo já deu entrada no pedido de autorização como Instituição de Dinheiro Eletrônico (EMI) junto ao Banco Central da Holanda, país que será a base regulatória da operação. O prazo estimado para obtenção da licença é de 6 a 9 meses.
A proposta da Qivalis é se posicionar como uma alternativa europeia robusta e institucionalizada no crescente mercado de stablecoins, que hoje é amplamente dominado por empresas americanas como Tether e Circle.
Segundo dados da CoinMarketCap, as stablecoins representam mais de US$ 160 bilhões em circulação global, sendo a maioria atrelada ao dólar americano.
Uma disputa por soberania digital
A iniciativa do consórcio europeu surge em um contexto de disputa crescente pela liderança nas infraestruturas financeiras do futuro.
Nos Estados Unidos, o setor privado avança com stablecoins como USDC e iniciativas de bancos e empresas de tecnologia.
O movimento foi recentemente acelerado pela sanção do chamado Genius Act, legislação assinada pelo presidente Donald Trump que estabelece diretrizes para a emissão de moedas digitais lastreadas em dólar por instituições privadas.
A Europa, até agora mais cautelosa, vinha concentrando esforços em projetos oficiais como o euro digital conduzido pelo Banco Central Europeu (BCE).
No entanto, o projeto do BCE ainda está em fase exploratória e pode demorar anos até se tornar operacional. Com isso, abre-se espaço para iniciativas do setor privado como a Qivalis, desde que alinhadas com as exigências regulatórias do bloco.
Para os idealizadores da Qivalis, o projeto não pretende competir com moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs), mas sim complementá-las.
“Queremos oferecer uma stablecoin estável, auditada e segura, que possa ser usada tanto por consumidores quanto por empresas em um ambiente confiável, sob regulação europeia”, afirmou Sell durante a coletiva.
Onde encontrar
Apesar do respaldo institucional e da base regulatória sólida, o projeto ainda enfrentará desafios importantes. Um deles será garantir aderência regulatória frente ao avanço das normativas europeias, como o MiCA (Markets in Crypto Assets), que começam a entrar em vigor em 2025 e vão exigir maior transparência, capital mínimo, reservas e governança das emissoras de stablecoins.
Além disso, será necessário conquistar aceitação de mercado, principalmente em um ambiente onde o uso de stablecoins ainda é limitado no varejo europeu.
Hoje, a maior parte das transações com stablecoins ocorre em plataformas de criptoativos e fintechs, e o uso comercial direto ainda engatinha.
📈 Mesmo assim, analistas apontam que a Qivalis chega ao mercado com uma vantagem competitiva relevante, como o apoio de grandes bancos, capital institucional, foco regulatório e um ativo de referência, o euro, que ainda carece de presença forte no mercado de criptoativos.