Grupo Mateus (GMAT3): Por que a varejista está afundando na B3?

O Grupo Mateus (GMAT3) já caiu mais de 20% na bolsa desde a apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2025, em 13 de novembro.

🔎 Isso porque o balanço revelou um erro bilionário na avaliação dos seus estoques, levantando questionamentos sobre a governança na empresa.

Em nota explicativa, o Grupo Mateus indicou que os estoques apresentados no balanço patrimonial de 2024 estavam superestimados em R$ 1,1 bilhão. Por isso, o valor foi ajustado de R$ 6 bilhões para R$ 4,9 bilhões. 

O patrimônio líquido da companhia também foi revisado para baixo. O corte foi de R$ 695 milhões e levou a cifra para R$ 9,1 bilhões, em 2024.

Política foi revisada

Ao admitir o erro, o Grupo Mateus garantiu ter revisado sua política contábil de apuração dos estoques e dos custos das mercadorias vendidas para apresentar uma "informação confiável e mais relevante".

📊 De acordo com a companhia, a revisão traz ganhos como a rastreabilidade das origens dos custos, a padronização de critérios e parametrizações tributárias, o aprimoramento da governança da informação e a integração das diversas áreas da empresa para reduzir o risco de inconsistências.

O Grupo Mateus ainda alegou que "uma estrutura de custeio mais robusta, integrada e automatizada, capaz de oferecer maior acurácia, rastreabilidade e consistência na apuração dos custos e formação dos preços de venda" era necessária por diversos fatores. 

Entre eles, a complexidade tributária decorrente da chegada das operações em novos estados da região Nordeste e a diversidade de modalidades operacionais do seu modelo de negócios, já que a companhia atua por centros de distribuição, atacado, atacarejo, supermercados, lojas de eletro e e-commerce.

A queda das ações

Não foi o suficiente, no entanto, para reduzir a desconfiança do mercado. Por isso, as ações da companhia despencaram 11% no dia seguinte à apresentação do balanço e não tiveram nenhum dia de recuperação desde então.

📉 Na sexta-feira (21), por exemplo, o papel recuou quase 2%. Por isso, as perdas já passam dos 20%.

Diante disso, o Grupo Mateus voltou a prestar esclarecimentos sobre o assunto em um comunicado ao mercado.

A companhia afastou a possibilidade de falhas no seu modelo de governança e controle interno, dizendo que a revisão "decorre do processo de evolução das áreas de back office, incluindo os processos financeiros e contábeis".

Além disso, destacou que o ajuste não afetou os seus saldos de caixa, nem provocou a quebra de cláusulas restritivas (covenants) de empréstimos e financiamentos. E observou que o seu patrimônio líquido ficou estável entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano, mesmo com o ajuste.

O Grupo Mateus diz, então, que o ajuste teve "efeitos limitados" sobre a Companhia e seus negócios.